A multinacional sul-africana Sasol está prestes a concluir a construção de uma nova fábrica de Gás de Petróleo Liquefeito (GPL) em Temane, distrito de Inhassoro, província de Inhambane. A infraestrutura, que já ultrapassou 80% de execução, tem entrega prevista para setembro deste ano, segundo confirmou Francisco Augusto, responsável pela área de operações e manutenção da empresa.
A informação foi divulgada durante a 11.ª edição da Conferência e Exposição de Mineração e Energia de Moçambique (MMEC 2025), realizada em Maputo. De acordo com os dados apresentados, a unidade terá capacidade para produzir cerca de 30 mil toneladas de GPL por ano — volume que poderá cobrir até 70% da procura nacional, diminuindo significativamente a necessidade de importações e promovendo maior autonomia energética.
Este empreendimento é parte de um acordo de partilha de produção entre o Governo moçambicano e a Sasol, e constitui um avanço estratégico no processo de industrialização do sector energético no país. Além da produção de gás de cozinha, o projecto contempla o aproveitamento do gás extraído na bacia de Temane para alimentar a Central Térmica de Temane, com potencial de gerar até 450 megawatts adicionais à rede eléctrica nacional.
Outro ponto de destaque é a forte participação de empresas moçambicanas no desenvolvimento da infraestrutura. Dos cerca de 600 milhões de dólares investidos, aproximadamente 72 milhões foram canalizados para firmas locais, reforçando a capacitação da indústria nacional e promovendo a inclusão económica.
Esse envolvimento contribui não só para o crescimento económico, mas também para a transferência de conhecimentos técnicos e o fortalecimento do ecossistema empresarial moçambicano.
Apesar dos avanços, desafios persistem, especialmente no que diz respeito à estabilidade política e social da região, aspectos fundamentais para o progresso e operação segura do projecto. A logística de transporte e distribuição do GPL no território nacional também exige investimentos adicionais em infraestruturas como estradas, armazéns e sistemas de armazenamento.
No entanto, as perspectivas são animadoras. Com a produção interna de gás, espera-se uma possível redução nos preços ao consumidor e melhorias nas condições de vida, especialmente em áreas rurais. A nova central térmica, por sua vez, deverá aliviar a pressão sobre a rede eléctrica e ampliar a diversidade das fontes energéticas do país.
A aposta da Sasol reforça o compromisso com o uso sustentável dos recursos naturais de Moçambique, dentro de uma estratégia nacional de longo prazo. Com maior disponibilidade de GPL a preços acessíveis, o Governo poderá ainda intensificar campanhas de substituição de combustíveis poluentes, como carvão e lenha, ainda amplamente utilizados em zonas menos desenvolvidas.
