Jornalista moçambicano denuncia uso indevido da LAM por membros da Frelimo

Notícias de Todos, 19 de Maio de 2025 — O jornalista moçambicano Salomão Moyana acredita que a nova direção das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) tem potencial para reverter a grave crise financeira que a empresa enfrenta há anos. No entanto, Moyana faz um alerta incisivo: é fundamental que não haja interferências políticas na gestão da companhia, como ocorreu no passado, quando membros influentes do partido Frelimo teriam utilizado os serviços da empresa sem efetuar os devidos pagamentos.

A LAM, criada em 1980, tornou-se símbolo da aviação nacional, mas nas últimas décadas tem enfrentado dificuldades operacionais, dívidas acumuladas e escândalos de má gestão. Em abril de 2023, numa tentativa de salvar a empresa, o governo moçambicano entregou a gestão a uma comissão de especialistas internacionais, com a missão de reestruturar a companhia em até 18 meses e atrair um parceiro estratégico para a sua revitalização.

Apesar do esforço, em fevereiro de 2025, a LAM anunciou o cancelamento da rota internacional Maputo-Lisboa, uma das mais emblemáticas, devido a prejuízos acumulados de cerca de 21 milhões de dólares desde 2023. As ligações aéreas entre Maputo e as capitais do Zimbábue e da Zâmbia também foram suspensas, agravando a situação operacional da empresa.

Moyana defende que o sucesso da nova administração dependerá da capacidade de se blindar contra pressões externas e políticas. “A LAM precisa de uma gestão profissional, independente e com foco na sustentabilidade. O apadrinhamento político, que tanto prejudicou a companhia no passado, não pode mais ser tolerado”, afirmou.

A crise da LAM ocorre em paralelo a um cenário político tenso em Moçambique. As eleições de outubro de 2024 desencadearam uma série de manifestações e denúncias de fraude eleitoral. A repressão a protestos e o clima de instabilidade levaram organizações como a União Europeia e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) a apelarem ao governo moçambicano para que promova um diálogo político inclusivo e respeite os princípios democráticos.

Especialistas apontam que a recuperação da LAM será um verdadeiro teste à capacidade do Estado moçambicano de implementar reformas estruturais. A transparência, a boa governança e a independência das instituições são vistas como pilares fundamentais para restaurar a confiança pública e atrair investidores, não apenas para a LAM, mas para todo o setor empresarial estatal.

A comunidade internacional observa com atenção os desenvolvimentos em Moçambique, esperando que os próximos passos do governo e da nova gestão da LAM sinalizem um compromisso real com a mudança e com o fortalecimento das instituições democráticas e econômicas do país.

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