Estudantes em greve na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), em Maputo, acusam a Reitoria de falta de vontade para resolver os problemas que afetam a comunidade académica. Segundo os manifestantes, todos os canais de diálogo foram esgotados sem sucesso, o que os leva agora a apelar diretamente à intervenção do Presidente da República, Daniel Chapo, como única esperança para atender às suas exigências.
A tensão aumentou drasticamente depois de uma resposta considerada “ofensiva e humilhante” por parte do Director Académico da instituição, que, segundo os estudantes, os mandou “limpar as lágrimas” e procurar empregos para poderem pagar as propinas que voltaram a ser cobradas. A fala gerou indignação generalizada entre os alunos, muitos dos quais enfrentam sérias dificuldades financeiras.
Desde outubro de 2024, a UEM tem sido palco de protestos e paralisações em resposta à instabilidade nacional e à alegada má gestão universitária. As manifestações estudantis ganharam força com denúncias de aumentos indevidos nas taxas escolares e falta de apoio social para alunos carenciados. A crise agravou-se ainda mais com alegações de retaliações, como a suspensão das refeições para estudantes residentes nas casas universitárias.
Mesmo com a reitoria a prometer a retoma das aulas por via digital e a introdução de aulas presenciais aos sábados, a normalidade académica ainda está longe de ser alcançada. O ambiente na universidade é descrito como tenso, com vários estudantes temendo represálias por participarem nos protestos.
Diversas organizações da sociedade civil têm expressado solidariedade aos estudantes, apelando ao diálogo verdadeiro e transparente, e pedindo ao Presidente da República que intervenha pessoalmente para garantir justiça e dignidade no ensino superior moçambicano.
Foto: Nadio Taimo