Uma recente visita do Presidente Daniel Chapo à província de Gaza está a gerar controvérsia após uma série de generosas ofertas terem sido entregues pela governadora provincial. A lista inclui 250 kg de mandioca, 250 kg de laranjas, uma tonelada de arroz, além de vacas, cabritos e até um casal de suínos. A ação, considerada exagerada por muitos, está agora sob escrutínio da sociedade civil moçambicana.
A organização Centro de Integridade Pública (CIP) submeteu uma queixa à Comissão Central de Ética Pública, solicitando esclarecimentos sobre a legalidade das ofertas. Segundo a Lei de Probidade Pública, funcionários do Estado estão proibidos de receber quaisquer benefícios ou presentes no exercício das suas funções, sejam diretamente ou por intermédio de terceiros.
A governadora Margarida Mapandzene defendeu-se dizendo que o gesto é uma prática comum na província:
“Não é a primeira vez que fazemos algo do género. É uma tradição local de hospitalidade.”
No entanto, para muitos membros da sociedade civil, o ato não tem nada de tradicional, especialmente considerando o contexto atual do país. Filipe Mahanjane, ativista cívico em Gaza, questiona a prioridade dessas ações:
“Talvez para ela seja normal, mas a população que enfrenta dificuldades diárias certamente não vê com os mesmos olhos.”
Mapandzene tentou justificar afirmando que parte das ofertas seria encaminhada a instituições de caridade, segundo informações partilhadas pelo próprio Presidente da República. Mesmo assim, o simbolismo do gesto é considerado ofensivo por muitos, especialmente quando há escassez de alimentos em centros de saúde, lares de idosos e creches públicas.
A reação da população tem sido de repúdio. Em tempos de crise econômica, a doação de grandes quantidades de alimentos e animais ao mais alto dirigente do país — que já possui todas as condições — é vista como desnecessária e desproporcional.
O CIP reforça que o Presidente Daniel Chapo deve agir como exemplo de ética e transparência. A instituição alerta que, caso não haja reação por parte da Comissão Central de Ética Pública, outros governantes poderão seguir o mesmo caminho, banalizando o que é claramente condenado pela legislação em vigor.