Uma equipe de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Shibaura, no Japão, criou um novo material que promete reduzir significativamente os impactos ambientais da construção civil. Trata-se de um geopolímero desenvolvido a partir de dois resíduos industriais comuns: sílica extraída de areia reciclada — geralmente obtida de vidros e restos de demolição — e poeiras resultantes do corte de materiais como cerâmica, pedra e fibrocimento.
Batizado como “solidificador de solos de alto desempenho”, o novo composto atinge níveis de resistência à compressão superiores aos exigidos para construções convencionais, superando os 160 kN/m². Um dos fatores determinantes para o sucesso do material foi o tratamento térmico aplicado ao pó de revestimento entre 110 °C e 200 °C, o que aumentou sua reatividade sem comprometer a eficiência estrutural.
Segundo o professor Shinya Inazumi, responsável pela pesquisa, o desenvolvimento oferece uma solução eficaz para dois grandes desafios ambientais: o excesso de resíduos da construção e as elevadas emissões de dióxido de carbono associadas ao uso do cimento Portland. “Transformámos resíduos industriais em um aglutinante eficiente, sustentável e com grande potencial de aplicação”, afirmou.
Embora ainda não substitua por completo o cimento tradicional — devido à limitada disponibilidade dos resíduos utilizados — o novo material pode ser aproveitado em várias frentes. Entre elas, destaca-se a construção de infraestruturas em zonas rurais, com blocos de solo estabilizado, e a estabilização de solos fracos em projetos urbanos como estradas e fundações de edifícios, especialmente em regiões onde os solos argilosos exigem métodos caros e poluentes.
Além disso, os testes demonstraram que o material possui excelente trabalhabilidade e cura rápida, características ideais para intervenções emergenciais em áreas de risco de deslizamentos de terra.
Para Inazumi, esta descoberta representa uma mudança de paradigma: “Ao transformar resíduos facilmente acessíveis em soluções de engenharia, mostramos que é possível inovar e preservar o planeta ao mesmo tempo.”
