Trabalhadores da empresa Terminais do Norte, que opera no Porto de Nacala, manifestaram-se na última segunda-feira (7) em protesto contra a gestão da empresa, exigindo melhores condições de trabalho e a substituição de alguns responsáveis pela direção.
A paralisação teve lugar em frente ao centro de recrutamento da empresa, situado na entrada do porto, afetando diretamente operações como o descarregamento de mercadorias e o manuseio de contentores.
Durante o protesto, os estivadores denunciaram práticas de exclusão, alegando que mesmo após longos períodos de colaboração, muitos continuam a ser ignorados nas escalas de trabalho.
“Quando tentamos reclamar, somos afastados. Quando chega um navio com arroz, colocam pessoas de fora e nós, que já estamos aqui há muito tempo, ficamos de fora. Há meses em que o salário que entra na conta é de apenas 10 meticais”, relatou um dos trabalhadores.
Outro funcionário criticou a ausência de contratos formais e a falta de reconhecimento por parte da direção.
“Queremos um salário fixo, algo que não dependa apenas da chegada de navios. Como sobrevivemos se não houver navios durante um mês? Fazemos quase o mesmo trabalho que os capatazes e conferentes, mas eles recebem salários fixos e nós, não”, explicou.
A principal reclamação dos trabalhadores é a instabilidade nos rendimentos. “Se estivermos doentes e não formos trabalhar, não recebemos nada. Já passámos até três meses sem remuneração por falta de navios. Queremos, pelo menos, um valor base mensal de 2.000 meticais para garantir o sustento das nossas famílias. Queremos dialogar com o patrão, não com o diretor, que não nos respeita”, exigiu outro estivador.
Apesar do clima de tensão, uma fonte ligada à empresa afirmou que, após negociações, foi alcançado um entendimento entre as partes e que as operações foram retomadas na tarde de quarta-feira (9). A mesma fonte reconheceu a importância do esforço dos estivadores na descarga de carga geral no porto e afirmou que o seu empenho precisa ser valorizado.