Parte do efetivo das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e membros da direção da Televisão de Moçambique (TVM) continuam sem receber os salários referentes ao mês de Março.
Informações obtidas apontam que administradores, diretores e chefes de departamento da TVM ainda não foram remunerados, e até ao momento, a empresa pública não forneceu qualquer explicação ou previsão para o pagamento.
Fontes internas indicam que a maioria dos colaboradores da TVM já foi paga, mas a situação entre os cargos de chefia permanece indefinida. Segundo os relatos, o Instituto de Gestão das Participações do Estado (IGEPE) pretende implementar cortes salariais nesse grupo, o que tem sido contestado internamente e pode estar na origem do bloqueio dos pagamentos.
Procurada para esclarecimentos, a diretora de Recursos Humanos da TVM, Alice Gwazela, não se pronunciou. Apesar das tentativas de contacto, até ao fecho desta edição não houve resposta por parte da instituição.
Já a presidente do conselho de administração do IGEPE, Ana Coanai, ao ser questionada, declarou que a gestão salarial da TVM não é da responsabilidade do instituto: “O IGEPE não define nem administra os salários da TVM. O orçamento daquela entidade não passa por nós”, disse.
Durante as apurações, surgiu também a informação de que a Rádio Moçambique estaria a enfrentar situação semelhante. No entanto, a diretora financeira da RM, Alice Gove, desmentiu a alegação, afirmando que todos os salários de Março foram liquidados.
No caso das FADM, foi reportado que um grupo específico de militares afetos a diferentes unidades em Maputo ainda aguarda os seus vencimentos. O Ministério da Defesa informou que os pagamentos estão a ser feitos gradualmente desde o final de Março. Na última terça-feira, alguns militares receberam os seus ordenados.
Uma fonte ligada ao processo, que preferiu manter o anonimato, não explicou os motivos para esse pagamento escalonado, mas reconheceu a crescente inquietação entre os afetados.
Por sua vez, o Ministério das Finanças reiterou a posição dada no início do mês. Segundo Alfredo Mutombene, porta-voz da instituição, todos os funcionários públicos já foram pagos. “Se ainda houver grupos sem salários, devem dirigir-se ao ministério para regularização”, frisou.
Vale lembrar que no dia 27 de Março, o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa, justificou os atrasos como parte de um processo de pagamento faseado, e não como uma falha no cumprimento dos prazos salariais.
Especialistas acreditam que o Executivo, liderado por Daniel Chapo, esteja a enfrentar desafios financeiros, refletidos nos atrasos salariais a nível da função pública. (A carta de Moçambique)
