Introdução
Nas entrelinhas das redes sociais, nos corredores das escolas e até dentro de casa, há uma dor silenciosa crescendo entre os jovens da nova geração. O número de suicídios nessa faixa etária tem aumentado em diversas partes do mundo, inclusive em países africanos como Moçambique, onde o tema ainda é tratado como tabu. Mas por que tantos jovens estão optando por pôr fim às suas vidas?
A geração da ansiedade silenciosa
Estamos diante da geração mais conectada da história — mas também a mais solitária. Os jovens de hoje crescem sob a influência constante das redes sociais, onde a comparação é inevitável. Likes, seguidores, filtros e padrões inalcançáveis criam uma realidade ilusória que afeta diretamente a autoestima.
Além disso, a ansiedade por não “ser suficiente” tem se tornado um peso invisível. O medo de falhar, de decepcionar os pais, de não se encaixar, muitas vezes gera um ciclo de angústia que culmina no desespero.
Pressão, cobrança e expectativas irreais
A juventude de hoje vive sob intensa pressão acadêmica, social e familiar. São exigidos resultados, comportamentos e planos para o futuro — muitas vezes sem considerar o tempo natural de amadurecimento e as particularidades de cada indivíduo.
Alguns jovens carregam o fardo de sustentar sonhos que não são seus. Quando falham, sentem que não há mais propósito, nem espaço para recomeçar.
Fatores sociais e emocionais agravantes
O suicídio entre jovens não nasce apenas de redes sociais ou pressão escolar. Fatores como:
- Violência doméstica ou sexual;
- Bullying e humilhações;
- Abandono emocional;
- Luto mal resolvido;
- Uso de substâncias;
- Transtornos mentais como depressão, ansiedade ou transtorno de personalidade;
estão entre os principais gatilhos que contribuem para esse colapso emocional.
A falta de diálogo e a cultura do silêncio
Em muitas famílias e comunidades, ainda se acredita que tristeza é “frescura” ou que “jovem não tem problema”. Esse tipo de pensamento bloqueia o diálogo e empurra os jovens para o isolamento.
Enquanto isso, o medo do julgamento os impede de pedir ajuda. Resultado: acumulam dor até que não suportam mais.
O que podemos fazer?
- Falar sobre saúde mental sem tabu. Conversar, educar e acolher deve ser prioridade em casa, nas escolas e nas igrejas.
- Oferecer escuta ativa e sem julgamentos. Às vezes, tudo o que um jovem precisa é ser ouvido com atenção.
- Valorizar o acompanhamento psicológico. Profissionais de saúde mental não são “para doidos”, mas para todos que precisam de apoio.
- Criar redes de apoio seguras. Grupos, atividades e espaços de expressão são essenciais para que os jovens se sintam pertencentes.
- Observar os sinais. Mudanças bruscas de comportamento, isolamento, frases pessimistas ou desinteresse pelas coisas são alertas que não devem ser ignorados.
Conclusão
O aumento dos casos de suicídio entre jovens é um sinal de que algo está profundamente errado com a forma como nossa sociedade está lidando com o futuro. Precisamos, com urgência, resgatar o valor do afeto, da escuta e da empatia. Só assim será possível evitar que mais vidas se calem antes da hora.