O Aeroporto Filipe Jacinto Nyusi, construído em Chongoene, província de Gaza, foi novamente alvo de atenção — e de ironia — após ter registado apenas dois voos em todo o mês de maio: um com o Presidente da República, Daniel Chapo, e outro de um cidadão chinês. A piada corrente nas redes sociais é clara: “Movimentadíssimo!”
Essa realidade escancara o que muitos já chamam de “elefante branco moderno”. Inaugurado em novembro de 2021, com um investimento superior a 60 milhões de dólares (maioritariamente financiado pela China), o aeroporto foi projetado para atender até 220 mil passageiros por ano. Mas os números contam outra história: em 2023, apenas cerca de 1.800 passageiros passaram por suas instalações.
Críticas e Subutilização
Apesar da pompa na inauguração, o aeroporto tem sido marcado pela subutilização gritante. Com uma infraestrutura moderna e pista capaz de receber aviões de grande porte, o aeroporto serve atualmente mais como ponto de passagem esporádica de figuras políticas do que como um polo de dinamização económica ou turística da província de Gaza.
A ironia da situação tem ecoado em diversos meios de comunicação e redes sociais, onde se critica o elevado custo de manutenção de uma infraestrutura que quase não opera. Muitos questionam a viabilidade do projeto, acusando-o de ser mais político do que estratégico.
Governo Tenta Reanimar o Terminal
Em resposta às críticas, o governo moçambicano tem anunciado esforços para dinamizar o uso do Aeroporto Filipe Nyusi. Uma das iniciativas é a introdução de voos mensais a partir da África do Sul, com o objetivo de facilitar o retorno de mineiros moçambicanos às suas zonas de origem, especialmente durante os períodos festivos.
Além disso, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Mateus Magala, sublinhou que há planos para potenciar o turismo e os negócios locais, como forma de tornar o aeroporto relevante a médio prazo.
Ainda Há Esperança?
Para Amélia Muendane, Presidente do Conselho de Administração da empresa Aeroportos de Moçambique, é precipitado decretar o fracasso do aeroporto. Ela garante que há novos investimentos em curso, tanto para a modernização quanto para a sustentabilidade da infraestrutura a longo prazo.
O governo, por sua vez, insiste que o tempo mostrará os frutos do investimento, argumentando que grandes projetos de infraestrutura levam anos a atingir o seu potencial pleno.
Conclusão
Enquanto os planos não decolam, o Aeroporto Filipe Nyusi continua a levantar mais dúvidas do que aviões. E pelo ritmo atual — dois voos em maio — parece que o terminal ainda vai respirar por aparelhos por algum tempo.
Fontes Consultadas:
Miramar.co.mz – 1.800 passageiros em 2023
RM.co.mz – Voos mensais para mineiros
Folha de Maputo – Defesa da sustentabilidade
Diário Económico – Investimentos em aeroportos