Um grupo de desmobilizados da RENAMO, oriundos de várias províncias de Moçambique, ocupou esta quinta-feira (15) a sede nacional do partido, localizada na cidade de Maputo. O protesto visa pressionar a liderança do partido a responder às suas exigências, sendo a principal delas a renúncia imediata de Ossufo Momade, atual presidente da formação política.

Os manifestantes, que não concederam entrevistas, instalaram-se dentro das instalações e prometeram permanecer no local até que suas reivindicações sejam consideradas. Segundo os organizadores da ocupação, a atual liderança tem desviado a RENAMO dos seus princípios fundadores, e o descontentamento entre antigos guerrilheiros tem crescido nos últimos meses.

Este movimento ocorre num contexto de crise interna, agravada pelos fracos desempenhos da RENAMO nas eleições autárquicas de 2023 e nas gerais de 2024, onde o partido perdeu o estatuto de principal força da oposição em Moçambique. Delegações distritais e provinciais vêm sendo encerradas em protesto à gestão de Momade.

Os ex-combatentes apontam ainda a má condução do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR) e denunciam a exclusão dos veteranos das decisões estratégicas do partido. Segundo eles, essa marginalização impulsionou o apelo à destituição da atual liderança e à convocação urgente de um Conselho Nacional para discutir o rumo da RENAMO.

A liderança de Ossufo Momade, que assumiu o cargo em 2019 após a morte de Afonso Dhlakama, enfrenta críticas desde o início, mas as tensões aumentaram significativamente após os resultados das eleições de outubro de 2024. Os manifestantes anunciaram que irão se pronunciar publicamente nesta sexta-feira, através de uma conferência de imprensa.