Última Hora: Chefe do PCC com cargo em consulado moçambicano é capturado pela Interpol

Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, figura influente do Primeiro Comando da Capital (PCC), considerada a mais poderosa facção criminosa do Brasil, foi detido na sexta-feira (16), em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. A operação foi conduzida em conjunto pela Polícia Federal do Brasil, Interpol e a Fuerza Especial de Lucha Contra el Crimen (FELCC) boliviana.

Segundo nota oficial divulgada pela imprensa brasileira, Tuta tentou renovar sua permanência no território boliviano utilizando documentos falsos. Ele era um dos criminosos mais procurados do Brasil e ocupava uma posição central no comando do PCC, atuando especialmente nos esquemas de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.

Para Rafael Alcadipani, professor da Fundação Getúlio Vargas, “essa prisão representa um grande avanço contra o crime organizado, pois Tuta possui informações cruciais sobre conexões entre autoridades e o PCC. A questão agora é se ele será extraditado e se decidirá colaborar com a Justiça, revelando nomes e estruturas envolvidas”.

As investigações revelaram ainda que Tuta era um dos quatro cidadãos brasileiros que chegaram a exercer funções diplomáticas no Consulado Geral de Moçambique em Belo Horizonte, Minas Gerais. O grupo é acusado de envolvimento em atos de corrupção para proteger Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho — outro notório traficante do PCC — capturado em Maputo em abril de 2020.

Alvo da Operação Sharks em 2020, Tuta deixou o Brasil antes que sua identidade como suspeito fosse oficialmente revelada. Em fevereiro de 2024, foi condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro, com movimentações ilícitas que ultrapassaram 1 bilhão de reais (cerca de 11,2 bilhões de meticais no câmbio atual), entre os anos de 2018 e 2019.

As autoridades continuam a investigar as ligações entre membros do crime organizado e instituições estrangeiras, inclusive as implicações do uso de cargos diplomáticos para proteger líderes criminosos.

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