Durante os dois mandatos do ex-presidente Filipe Nyusi, a criminalidade organizada – com destaque para os raptos – intensificou-se nas grandes cidades de Moçambique, sem que o Estado conseguisse travar eficazmente este fenómeno. Em 2021, foi anunciada a criação de uma Companhia Anti-Raptos, com promessas de prontidão em seis meses. No entanto, a iniciativa nunca avançou além da fase de anúncio.
Agora, o novo Executivo, liderado por Daniel Chapo, tenta reanimar o projeto. O ministro do Interior, Paulo Chachine, revelou recentemente na Assembleia da República que está em curso a elaboração de um plano para criar uma unidade especializada no combate a raptos e crimes organizados de carácter transnacional, incluída no Programa Quinquenal 2025-2029.
No seu último discurso como Presidente, Filipe Nyusi admitiu que não conseguiu resolver o problema dos raptos, um dos maiores pontos críticos do seu mandato, e que levou muitos empresários a abandonarem o país por motivos de segurança.
A criação da força especializada, anteriormente anunciada pelo então comandante-geral Bernardino Rafael, previa a formação de jovens selecionados das unidades especiais da polícia, com treino dado por especialistas estrangeiros. Contudo, após um breve período na Escola de Forças Especiais de Macandzena, esses agentes foram enviados para outras missões, nomeadamente para Cabo Delgado, e o plano foi engavetado sem explicações públicas.
Enquanto isso, o crime organizado manteve-se ativo, especialmente nas zonas urbanas de Maputo e Matola. De acordo com dados recentes apresentados por Paulo Chachine, entre janeiro de 2024 e março de 2025 foram registados 21 casos de rapto, dos quais 19 se consumaram e dois foram frustrados. Nesse mesmo intervalo, 33 suspeitos foram detidos, com apreensão de 12 armas de fogo, 12 viaturas, 28 telemóveis, dois computadores e quatro locais de cativeiro desmantelados.
O ministro destacou ainda a urgência em modernizar e capacitar os efetivos da Polícia da República de Moçambique (PRM), para garantir um combate mais eficaz à criminalidade organizada e restaurar a confiança da sociedade e do setor empresarial no país.
