Maputo – 02 de Junho de 2025 – Uma intervenção da Polícia moçambicana, realizada na última quarta-feira para desocupar as instalações da sede nacional da RENAMO e o gabinete do líder do partido, Ossufo Momade, resultou em confrontos violentos com desmobilizados de guerra, deixando pelo menos seis deles feridos, entre os quais dois em estado grave.
Os agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), responsáveis pela operação, estão a ser acusados de uso desproporcional da força, atraso na prestação de socorro médico e apropriação indevida de bens dos veteranos.
De acordo com Edgar Silva, porta-voz do grupo, os disparos da polícia atingiram seis ex-guerrilheiros. Um deles perdeu um olho após ser baleado no rosto, e outro foi alvejado na perna, dificultando sua locomoção. “Há colegas que foram levados para o hospital mais de duas horas depois do ocorrido, e alguns só receberam cuidados mínimos na 18ª Esquadra de Lhanguene”, relatou Silva.
Ainda segundo o grupo, os 59 veteranos detidos permaneceram sob custódia por dois dias sem alimentação adequada e sem acesso a água potável. “Só tivemos a primeira refeição na tarde de quinta-feira, já perto da libertação. Sobrevivemos com bolachas e sumos que conseguimos comprar do lado de fora da esquadra”, explicou.
Além das agressões físicas, os desmobilizados afirmam que agentes da UIR também se apropriaram de bens pessoais durante a ação. Entre os itens desaparecidos estariam mochilas, telemóveis, computadores e dinheiro. Um dos afetados disse ter perdido 69 mil meticais. O grupo estima que o prejuízo total ultrapassa os 500 mil meticais.
Após serem libertados por volta das 17h de quinta-feira, os veteranos foram notificados a comparecer no dia seguinte ao Tribunal Judicial da Cidade de Maputo. No entanto, ao chegarem ao local, foram informados de que não havia nenhum processo ou audiência marcada para eles.
