Na quarta-feira, 26 de março, um homem de 20 anos foi morto a tiros pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR) durante manifestações na cidade de Xai-Xai, capital da província de Gaza. O protesto foi organizado por motoristas contra a reabertura de um posto de controle policial no Bairro 8, na área próxima à ponte sobre o Rio Limpopo.
A vítima, identificada como Guiven Armando Bulule, estava na cidade para fazer compras e não participava do protesto. No entanto, ele acabou sendo atingido por um disparo enquanto estava nas proximidades. Testemunhas relataram que Guiven foi atingido na boca, com a bala destruindo seus dentes, e ficou caído no chão sem assistência por um longo período. A cunhada da vítima, Graciosa Muguambe, contou ao MOZTIMES que a polícia alegou não ter meios de transporte para levar Guiven ao hospital.
O protesto visava contestar a instalação de um posto de controle policial na região, que, de acordo com os manifestantes, era conhecido por extorquir motoristas, especialmente os de micro-ônibus, conhecidos como “chapas”, que fazem o transporte urbano.
A violência policial em Gaza tem se tornado cada vez mais comum, especialmente após as eleições. No dia 22 de março, outro incidente ocorreu quando Estêvão Muane, de 34 anos, motorista de transporte público, foi baleado no peito durante uma manifestação contra o mesmo posto de controle. Muane foi hospitalizado por seis dias e, após receber alta, registrou queixa contra os policiais responsáveis pelo tiroteio.
Carlos Macuácua, porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Gaza, confirmou a intervenção policial, alegando que a ação teve como objetivo restaurar a ordem pública. Segundo Macuácua, a vítima foi atingida “acidentalmente” durante a operação.
Essa violência ocorre apesar de um encontro recente entre o presidente Daniel Chapo e o líder da oposição Venâncio Mondlane, realizado em 23 de março, para discutir medidas contra a violência policial e os ataques a oficiais das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Os protestos pós-eleitorais em Moçambique têm sido marcados por confrontos violentos, resultando na morte de pelo menos 362 pessoas, segundo a plataforma de monitoramento “Decide”.
