Daniel Chapo chega ao Malawi em jato de luxo e causa polêmica em Moçambique

O Presidente da República de Moçambique, Daniel Chapo, aterrissou na última quinta-feira em Blantyre, capital do Malawi, a bordo de um jato executivo Bombardier Global Express. A aeronave, de luxo, foi arrendada à empresa TAG Aviation Limited por um custo estimado de 11 mil dólares norte-americanos por hora — cerca de 700 mil Meticais —, o que tem gerado fortes críticas por parte de diversos setores da sociedade moçambicana.

A controvérsia em torno da viagem não está relacionada apenas ao valor elevado do aluguer, mas principalmente ao momento em que ocorre: enquanto o próprio governo de Chapo tem apelado à contenção de despesas no aparelho do Estado. A decisão de recorrer a uma aeronave deste porte e custo é vista por muitos como contraditória e incompatível com o discurso oficial de austeridade.

Essa situação ganha ainda mais destaque à luz das recentes declarações do Presidente, feitas no final de abril, sobre a crise na companhia aérea nacional, a LAM (Linhas Aéreas de Moçambique). Na ocasião, Chapo denunciou esquemas internos que, segundo ele, travaram a compra de três novos aviões para a frota nacional, favorecendo interesses ocultos por trás de alugueres milionários. Como consequência, o governo decidiu intervir diretamente na empresa, iniciando uma reforma considerada “tempestade necessária” para limpar e reorganizar o setor.

O Presidente afirmou que “quem bloqueou o processo de aquisição de aviões deverá ser responsabilizado”, e que a prioridade do seu executivo é garantir que os recursos do Estado sejam usados em benefício direto da população. A atual reestruturação da LAM já resultou na exoneração de dirigentes e no reforço do controlo sobre os contratos de arrendamento de aeronaves.

Ainda assim, a escolha de um jato executivo de alto luxo para uma deslocação oficial levanta dúvidas quanto à coerência da liderança presidencial. Nas redes sociais, analistas, jornalistas e cidadãos questionam a legitimidade de discursos de austeridade que não se refletem nas ações do alto escalão governamental.

A visita de Chapo ao Malawi acontece num contexto diplomático importante, mas o foco mediático tem-se desviado para o custo da viagem e para o simbolismo do jato utilizado, reavivando o debate sobre transparência, responsabilidade e os verdadeiros compromissos com o combate ao despesismo em Moçambique.

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