O Governo moçambicano confirmou a ocorrência de novos ataques por grupos armados em Cabo Delgado, reconhecendo os desafios enfrentados na luta contra o terrorismo na região. O ministro do Interior, Paulo Chachine, assegurou que as forças de defesa e segurança continuam empenhadas em conter os focos de violência.
“Não negamos que existam problemas. O terrorismo é uma ameaça real, com surtos ocasionais, mas o nosso trabalho continua, firmes no combate”, afirmou o ministro.
Os recentes ataques ocorreram após incursões nas aldeias de Nonia e Mihegane, em Ancuabe. No último fim de semana, homens armados invadiram a aldeia de Namoro, no distrito de Montepuez, permanecendo até domingo. Relatos locais indicam que residências foram incendiadas e vários moradores sequestrados, embora não haja, até o momento, números oficiais sobre vítimas mortais.
Segundo dados divulgados pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 1.400 pessoas abandonaram suas casas entre segunda e quarta-feira da semana passada, fugindo da violência nas aldeias afetadas. Cerca de 490 famílias deslocaram-se para áreas próximas, sendo 56% crianças.
A Lusa reportou ainda que, em Nonia, pelo menos duas pessoas, incluindo um civil, foram mortas por presumíveis insurgentes, forçando a população a procurar refúgio em comunidades vizinhas e na sede distrital de Ancuabe, a cerca de 150 quilómetros de Pemba.
Cabo Delgado, província rica em recursos naturais, tem sido palco de uma insurgência armada desde 2017, com ligações a grupos extremistas associados ao Estado Islâmico. Em 2024, ataques perpetrados por esses grupos resultaram na morte de pelo menos 349 pessoas, representando um aumento de 36% em relação ao ano anterior, segundo o Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), ligado ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos.