Diante da crescente onda de violência que se tem registado em várias regiões do país após as eleições gerais de 2024, a sociedade civil moçambicana está a mobilizar-se para uma manifestação pacífica marcada para este sábado, às 8h30. A iniciativa, que circula nas redes sociais e grupos comunitários sob o lema “Vista branco pela paz”, pretende reunir cidadãos de todas as idades para dizer um basta aos assassinatos e à repressão.
Um País em Luto e em Alerta
Nos últimos meses, Moçambique foi palco de manifestações intensas, principalmente organizadas por apoiadores da oposição que alegam fraude eleitoral. Em resposta, as forças de defesa e segurança adotaram uma postura agressiva, que resultou em mais de 300 mortes e milhares de feridos, conforme denunciado por organizações como a Anistia Internacional.
Os casos mais chocantes incluem o assassinato do advogado Elvino Dias e do dirigente Paulo Guambe, ambos ligados à oposição, o que gerou indignação nacional e internacional. Famílias choram a perda de entes queridos, escolas fecharam portas em zonas críticas e o medo tomou conta de comunidades inteiras.
A Voz do Povo: “Diga Não aos Assassinatos!”
A manifestação deste sábado tem como objetivo chamar a atenção do governo, da comunidade internacional e da sociedade moçambicana para a necessidade urgente de proteger a vida e os direitos humanos. Os organizadores pedem que todos os participantes se vistam de branco, como símbolo de paz, solidariedade e luto pelas vítimas.
Além de protestar contra os assassinatos, o ato também exige investigações independentes, responsabilização dos culpados e um compromisso real com o diálogo e a reconciliação nacional.
Mobilização Popular
Movimentos juvenis, líderes comunitários, ativistas dos direitos humanos e figuras públicas estão a aderir ao apelo. Diversas cidades, incluindo Maputo, Beira, Nampula e Quelimane, já confirmaram pontos de encontro para a concentração dos manifestantes.
“Este é o momento de mostrarmos que o povo moçambicano deseja viver em paz, com dignidade e respeito. Não estamos contra partidos. Estamos a favor da vida,” — disse um dos organizadores anônimos da marcha.
Apelo à Responsabilidade
Os organizadores reforçam que a marcha será totalmente pacífica e convidam também os membros das forças de segurança a respeitarem o direito à manifestação e a protegerem os cidadãos, em vez de os confrontarem.
Moçambique está diante de uma encruzilhada histórica. O povo, cansado da violência e da injustiça, começa a erguer-se com coragem, fazendo da paz a sua maior arma.