Milhares de marfinenses saíram às ruas para manifestar-se contra a decisão do presidente Alassane Ouattara de concorrer a um quarto mandato, depois que figuras proeminentes da oposição foram impedidas de disputar as eleições presidenciais previstas para outubro. Entre os excluídos estão o ex-chefe de Estado Laurent Gbagbo e o ex-CEO do Credit Suisse, Tidjane Thiam, afastados por decisões judiciais e administrativas, o que provocou forte indignação popular.
Os protestos ganharam maior intensidade em Yopougon, bairro populoso de Abidjan, onde manifestantes carregavam cartazes com mensagens como “Somos milhões com Gbagbo e Thiam” e “Já chega!”. Além disso, grupos da oposição exigiram o retorno dos candidatos vetados às listas eleitorais e a atualização do registo de eleitores.
A candidatura de Ouattara tornou-se alvo de críticas desde que o limite de mandatos foi abolido em 2016, através de uma emenda constitucional aprovada pelo próprio governo. Analistas e adversários políticos afirmam que a medida enfraquece a democracia e concentra excessivamente o poder.
O ambiente político no país continua tenso, com relatos de detenções arbitrárias de militantes opositores, especialmente do PPA-CI, partido de Laurent Gbagbo. Após confrontos em Yopougon, que resultaram em incêndios de autocarros e choques com a polícia, várias pessoas foram detidas, alimentando ainda mais as acusações de repressão política.
