Os trabalhadores da Tmcel anunciaram oficialmente que não irão participar nas comemorações centrais do Dia Internacional do Trabalhador, marcado para 1 de Maio. A decisão, tornada pública através de uma carta datada de 17 de abril e endereçada ao Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Telecomunicações de Moçambique (SINTELMO), reflete o crescente descontentamento com as condições de trabalho e a alegada falta de compromisso da gestão da empresa.
De acordo com o Comité de Empresa, os trabalhadores afirmam não ter condições psicológicas nem morais para participar em qualquer tipo de celebração, enquanto persistirem diversas situações pendentes. Entre as reclamações destacam-se a estagnação das carreiras, a inexistência de diálogo social efetivo, o congelamento de salários, o não pagamento do subsídio de férias de 2023 e do 13.º salário, bem como processos disciplinares abertos contra colegas que manifestaram publicamente o seu desagrado.
O boicote é mais um capítulo num conflito laboral que se vem arrastando ao longo do tempo. A tensão tem sido registada em múltiplas trocas de correspondência entre os trabalhadores, o sindicato e a Comissão de Gestão da Tmcel. Um dos principais focos de conflito envolve o atraso no pagamento das compensações devidas a 43 colaboradores abrangidos pela primeira fase do processo de redimensionamento, iniciado em 2024.
Numa comunicação datada de 20 de novembro do ano passado, a Comissão de Gestão assegurava que todos os pagamentos seriam regularizados até o final de 2024. Contudo, em janeiro deste ano, o SINTELMO voltou a exigir, através de nova carta, um relatório atualizado sobre a situação e um cronograma claro para a regularização das pendências, lamentando a falta de progresso concreto.
A frustração dos trabalhadores intensificou-se com o início de manifestações em frente à sede da empresa, em Maputo, no dia 17 de janeiro de 2025. Entre os motivos de protesto, estão alegações de discriminação salarial — com três escalas salariais distintas, aumentos exclusivos para diretores e chefes — e uma dívida acumulada de cerca de 20,5 milhões de meticais em retroativos não pagos a cargos de chefia.
Outra denúncia grave é a falha nos descontos obrigatórios para a previdência social, o que estaria prejudicando antigos funcionários no momento da reforma.
“A nossa paciência está esgotada. Já enviámos cartas, participámos em reuniões, e nada mudou”, afirmou o sindicato em comunicado emitido em janeiro.
Diante desse cenário de insatisfação e desgaste, os trabalhadores garantem que a sua ausência nas festividades do 1.º de Maio é um ato de protesto e um clamor urgente por respeito, justiça e condições laborais dignas.