Brice Oligui Nguema, que liderou o golpe militar de agosto de 2023 no Gabão, foi oficialmente empossado como presidente do país no dia 3 de maio de 2025, após uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais. Segundo o Tribunal Constitucional, Nguema obteve 94,85% dos votos no pleito realizado em 12 de abril, consolidando um mandato de sete anos à frente da nação da África Central.
A cerimônia de posse ocorreu em Libreville, capital gabonesa, marcando um retorno à ordem constitucional após o fim do regime da família Bongo, que governava o país há mais de cinco décadas. Durante o seu discurso, o novo presidente delineou como prioridades do seu mandato a diversificação econômica — para reduzir a dependência do petróleo —, a redução do desemprego juvenil, a reforma do setor educacional e melhorias nos serviços sociais e infraestruturas públicas.
Apesar do Gabão ser um dos maiores produtores de petróleo da África, cerca de um terço dos seus 2,3 milhões de habitantes vive na pobreza. Nguema afirmou que o desenvolvimento econômico e a justiça social serão os pilares do seu governo.
A eleição foi a primeira sob a nova constituição aprovada por referendo em novembro de 2024, que estabelece mandatos presidenciais de sete anos, com possibilidade de uma reeleição, e veda candidaturas de familiares do presidente em exercício, numa tentativa de evitar novas dinastias políticas.
Mesmo com a ampla margem de vitória, críticos levantaram dúvidas sobre a integridade do processo eleitoral. O principal adversário de Nguema, o ex-primeiro-ministro Alain Claude Bilie-By-Nze, obteve apenas 3,02% dos votos e denunciou o uso indevido de recursos públicos na campanha presidencial.
Organizações internacionais e observadores consideraram o pleito um passo simbólico rumo à legitimidade democrática, mas alertaram que a verdadeira prova do compromisso com reformas virá nas eleições legislativas e locais, marcadas para setembro de 2025.
Com o novo governo, o país entra em uma nova fase política, mas a permanência de figuras do antigo regime em cargos-chave gera expectativas cautelosas sobre a profundidade das mudanças prometidas.
