A vila de Namoro, situada no posto administrativo de Nairoto, no distrito de Montepuez, em Cabo Delgado, foi alvo de um violento ataque protagonizado por insurgentes armados no sábado (5). O grupo invadiu a comunidade por volta das 16h, incendiou diversas residências e raptou habitantes locais, segundo relatos de fontes da região.
Os agressores permaneceram na aldeia até a manhã de domingo, forçando a maioria dos residentes a fugir em direção à vila-sede de Montepuez, localizada a cerca de 80 km do local da invasão. Ainda não há informações oficiais sobre mortos ou feridos, nem pronunciamento por parte das Forças de Defesa e Segurança (FDS) sobre uma eventual resposta ao ataque.
Nairoto, que já foi palco de violência insurgente em 2023, quando uma posição das FDS foi destruída, é conhecido pela mineração informal de ouro – atividade que pode ter motivado a incursão armada.
Ao mesmo tempo, novos ataques foram registrados na aldeia de Muaja, no distrito de Ancuabe, onde insurgentes chegaram nas primeiras horas da sexta-feira (4). Por volta das 3h da manhã, iniciaram uma ofensiva que incluiu sequestros de jovens e a tomada de reféns. A presença dos atacantes foi relatada até domingo, gerando clima de tensão e medo entre os habitantes locais.
Muaja encontra-se dentro da área de atuação de forças ruandesas destacadas como parte do acordo de cooperação com Moçambique no combate ao extremismo violento em Cabo Delgado. No entanto, os insurgentes parecem estar deslocando suas ações para o sul da província, numa tentativa de escapar à pressão militar estrangeira que se intensificou em Macomia.
Nos últimos dias, tropas ruandesas realizaram uma operação de desobstrução da Estrada Nacional Número 380 (N380), em Macomia, onde enfrentaram focos de resistência armada. As forças conseguiram dispersar os insurgentes que haviam montado bloqueios na via e sequestrado um transportador público.
Os recentes ataques em Namoro e Muaja podem representar uma nova estratégia dos insurgentes para reocupar áreas vulneráveis e dispersar a atenção das forças governamentais e aliadas, num conflito que continua a provocar o deslocamento forçado de centenas de civis.
