Cabo Delgado: População contesta gastos com a Chama da Unidade e exige prioridade para necessidades básicas
Várias vozes da população de Cabo Delgado manifestaram, neste sábado, 12 de abril de 2025, o seu descontentamento face ao elevado investimento na Chama da Unidade, num momento em que o país enfrenta desafios urgentes como a fome, a degradação de infraestruturas e a precariedade no setor da educação.
Apesar de reconhecerem o simbolismo da iniciativa, muitos citadinos defendem que os recursos públicos deviam ser aplicados em necessidades básicas e estruturantes para a população.
“Na minha óptica, a Chama da Unidade realmente pode trazer união entre os moçambicanos, entre as comunidades. Isso já dependerá das pessoas. Porque o país já está desorganizado, não será só a chama que poderá unir as pessoas, mas também cabe ao Governo fazer o que o povo quer”, afirmou Fernando Luís, um dos entrevistados.
Para Fernando, a falta de organização no país é um obstáculo real à eficácia de qualquer símbolo de união. Mais do que cerimónias, o povo espera ações concretas que melhorem a sua qualidade de vida.
“Para mim, não faz sentido gastar-se um valor tão alto, sabendo que a própria estrada que sai de Nangade, passa por Mueda até Pemba — por onde a chama vai passar — não está boa. A estrada está esburacada. São 30 milhões investidos… não faz sentido”, acrescentou.
Joanito Ambasse, outro cidadão, partilhou da mesma opinião e questionou as prioridades do Governo ao decidir investir 30 milhões de meticais na iniciativa, enquanto milhares de moçambicanos enfrentam fome e falta de condições mínimas nas escolas.
“Estou muito admirado com o valor investido. Com esse cenário todo, ainda não vi nada no país. Talvez nos próximos momentos vejamos alguma melhoria. Com o dinheiro investido poderiam ter criado empresas de produção alimentar, visto que muitas pessoas passam fome. E aquelas crianças que estudam no chão… Se o dinheiro existisse de facto, não estariam naquela situação.”
Já outro entrevistado, que optou por manter o anonimato, reconheceu o valor simbólico da Chama da Unidade, mas destacou que os problemas estruturais do país não se resolvem com gestos simbólicos.
“Eu penso que a Chama da Unidade pode sim trazer união, mas não na totalidade, visto que o país ainda tem grandes problemas, desde a fome até à falta de educação de qualidade. Muitas crianças estudam no chão. Acho que deveriam dar prioridade às coisas que verdadeiramente apoquentam o país”, concluiu.
Siga o canal “Notícias de Todos” no WhatsApp: https://whatsapp.com/channel/0029Vaiudx43mFYD0DVXKA26