União Africana aposta no Togo para restaurar a paz no Leste da RDC

O Presidente do Togo, Faure Gnassingbé, foi nomeado pela União Africana como novo mediador do conflito que aflige a região leste da República Democrática do Congo (RDC), sucedendo ao chefe de Estado angolano, João Lourenço. Esta mudança visa dar novo impulso às iniciativas diplomáticas num dos mais complexos e prolongados confrontos na zona dos Grandes Lagos.

Na quarta-feira, 6 de abril, Faure Gnassingbé realizou a sua primeira visita oficial a Kinshasa, onde se reuniu com o Presidente congolês, Félix Tshisekedi. O encontro, realizado no palácio presidencial de Ngaliema, marcou o arranque da nova missão de mediação entre a RDC e o Ruanda — países em tensão, principalmente devido à actividade de grupos armados como o M23, supostamente apoiado por Kigali.

De acordo com fontes da presidência congolesa, a reunião durou cerca de duas horas e decorreu sem grande exposição mediática. Ainda que não tenham sido divulgadas declarações públicas ao final do encontro, o governo da RDC manifestou esperança na nova fase de diálogo. “Tomamos nota desta nomeação e aguardamos que possa contribuir para pôr termo ao ciclo de violência no leste”, afirmou uma fonte oficial.

Antes da deslocação a Kinshasa, Gnassingbé esteve em Luanda, onde se encontrou com João Lourenço. Segundo o ministro das Relações Exteriores angolano, Tete António, tratou-se de uma cerimónia simbólica de transição e partilha de informações. António destacou que o novo mediador poderá consultar Angola sempre que necessário, não apenas pela presidência da UA, mas pela experiência acumulada ao longo do processo iniciado em 2022.

Apesar de diversos apelos à trégua desde o final de 2021, os cessar-fogos têm sido sistematicamente violados. O grupo rebelde M23 tem intensificado os ataques, tendo recentemente ocupado cidades importantes como Goma e Bukavu, forçando mais de 1,2 milhões de pessoas a abandonar as suas casas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Atualmente, a mediação do conflito já não é responsabilidade exclusiva da UA. O Catar tem promovido negociações paralelas, incluindo um encontro direto entre os Presidentes da RDC e do Ruanda em março. Além disso, organismos regionais como a Comunidade da África Oriental (EAC) e a SADC também indicaram co-facilitadores para apoiar o processo de paz.

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