Nampula – A circulação de informações falsas sobre a cólera continua a gerar pânico e violência em diversas comunidades da província de Nampula, transformando agentes de saúde em alvos de ataques e forçando muitos a abandonar os distritos onde atuam.
Os distritos de Mogovolas, Angoche, Larde e Moma já registaram casos graves de perseguição contra médicos e técnicos de saúde. Mais recentemente, o distrito de Murrupula juntou-se à lista de zonas críticas.
Em Murrupula, um médico escapou por pouco de um ataque violento por parte de indivíduos armados com objetos cortantes. Os agressores o acusavam de estar a espalhar a doença nas comunidades locais.
Segundo Jaime Miguel, chefe do Departamento de Saúde Pública da Direção Provincial de Saúde de Nampula, embora algumas unidades sanitárias estejam a retomar as suas atividades, o clima de insegurança ainda persiste.
“Em Mogovolas, por exemplo, apesar das unidades estarem abertas, a segurança não está garantida. Há ameaças constantes aos nossos profissionais, o médico-chefe prefere até dormir na cidade por segurança”, relatou Jaime.
Ele acrescentou que, em Nanhupo Rio, o centro de saúde funciona apenas durante o dia por motivos de segurança. Já em Nametil, o bloco operatório, antes vandalizado devido aos distúrbios ligados à cólera, foi parcialmente reconstruído com apoio de doadores.
A desinformação, que alimenta o medo e a violência, também levou à morte de um técnico em Angoche e ao espancamento de ativistas e líderes comunitários em Larde. “É preocupante ver profissionais de saúde, cuja missão é salvar vidas, sendo tratados como inimigos pela própria população que deveriam atender”, lamentou.
A Direção de Saúde de Nampula tem apelado à intervenção de outros setores, como a Polícia, a Educação e os líderes locais, para restaurar a confiança das comunidades e proteger os profissionais em serviço.
