O Governo de Moçambique reiterou, nesta quarta-feira (30), o seu pedido por um maior apoio internacional, tanto financeiro quanto técnico, para garantir uma presença sólida e bem estruturada na COP30 — a Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — marcada para novembro deste ano, em Belém, Brasil.
O apelo foi feito durante uma sessão de avaliação da participação do país na COP29, que decorreu em Maputo sob coordenação do Secretário de Estado para a Terra e Ambiente, Gustavo Dgedge. O evento reuniu representantes de diversos setores, incluindo governo, sociedade civil, academia, ONGs e empresas privadas, com o intuito de refletir sobre os resultados obtidos em Baku (Azerbaijão) e de preparar estratégias para o próximo ciclo de negociações climáticas.
Durante a sua intervenção, Dgedge destacou que Moçambique continua entre os países mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas, enfrentando fenômenos extremos com frequência crescente. Ele sublinhou a urgência de fortalecer os mecanismos de adaptação e mitigação, de forma a cumprir os compromissos assumidos no Acordo de Paris.
“As mudanças climáticas são uma ameaça transversal, com repercussões em todas as áreas do desenvolvimento. Moçambique, devido à sua localização, sofre com os impactos dos eventos extremos e precisa de apoio robusto para enfrentar essa realidade”, alertou Dgedge.
O dirigente lamentou a ausência de progressos significativos na COP29 no que diz respeito ao financiamento climático. Segundo ele, a promessa de 300 mil milhões de dólares anuais até 2035 ficou aquém das necessidades dos países mais expostos às crises ambientais.
Ainda assim, Dgedge manifestou otimismo quanto às ações internas em curso. Apontou a recém-aprovada Estratégia Nacional de Desenvolvimento 2025–2044 como um marco, destacando projetos como a estratégia de desenvolvimento de baixo carbono até 2050, a implementação da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada), e a preparação de novos relatórios sobre transparência e comunicação climática.
O governante também defendeu uma abordagem mais inclusiva na agenda climática, envolvendo setores como juventude, mulheres, comunidades locais, universidades, ONGs e setor privado. “A adaptação continua a ser a nossa principal prioridade”, frisou.
Dgedge reconheceu os desafios que se aproximam, especialmente no cenário de incerteza quanto ao compromisso de alguns países desenvolvidos, e enfatizou que o combate às mudanças climáticas exige esforço conjunto. Ele espera que a COP30 seja marcada por avanços reais, com base nos princípios de equidade e responsabilidades comuns, mas diferenciadas.
No fim do encontro, o Secretário de Estado agradeceu o apoio dos parceiros, em especial ao Banco Mundial pelo suporte dado através do projeto MozNorte, que tornou possível a realização do evento. Encorajou também um envolvimento mais ativo e colaborativo nas próximas etapas das negociações climáticas.