Ex-guerrilheiros da RENAMO dão 20 dias a Ossufo Momade para convocar Conselho Nacional

Maputo — Ex-combatentes da RENAMO voltaram a pressionar a liderança do partido, exigindo mudanças urgentes e eleições internas democráticas. Caso as exigências não sejam atendidas, os antigos guerrilheiros ameaçam encerrar as delegações provinciais e retomar a sede nacional, tal como aconteceu a 28 de maio deste ano.

O grupo, que se afirma descontente com a atual direção, pede que seja marcada, no prazo máximo de 20 dias, a realização do Conselho Nacional, onde pretendem discutir alterações aos estatutos da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), incluindo a exigência de eleições internas livres.

Em conferência de imprensa, Edgar Silva, porta-voz dos ex-combatentes, afirmou que o partido deve abrir espaço para o debate interno e a participação ativa das bases. “Queremos que o Conselho Nacional aconteça e que as delegações voltem a funcionar normalmente, mas se não houver diálogo e datas concretas, retomaremos as ações de pressão”, alertou.

Os ex-guerrilheiros acusam o presidente da RENAMO, Ossufo Momade, de nepotismo, alegando que vários cargos estratégicos são ocupados por familiares e aliados diretos, contrariando o que consideram os princípios democráticos do partido. Para o grupo, o atual funcionamento da RENAMO está a afastar o partido das suas raízes e a comprometer a confiança das bases.

“O partido está a afundar”, alerta Edgar Silva

Edgar Silva sublinha que o movimento não pretende recorrer à violência, mas insiste que, caso a direção continue a ignorar as exigências, as estruturas do partido serão novamente encerradas. “Não precisamos de armas para exigir mudanças. Temos o apoio das bases e da militância que está insatisfeita com o rumo do partido”, afirmou.

Entre as exigências principais, destaca-se a reformulação dos estatutos da RENAMO para garantir que os delegados distritais e provinciais sejam eleitos democraticamente pelas bases e não indicados diretamente pela liderança. Segundo Silva, o atual modelo favorece o favoritismo e o reforço de laços familiares dentro dos órgãos de decisão.

Questionado sobre o número de familiares de Ossufo Momade que ocupam cargos na estrutura da RENAMO, Silva não soube precisar, mas afirmou que existem parentes próximos tanto no Conselho Nacional, quanto na Comissão Política e nas assembleias provinciais.

Para os ex-guerrilheiros, o futuro do partido depende de um processo de abertura e democratização interna. Caso contrário, afirmam estar preparados para endurecer as ações e voltar a ocupar as estruturas partidárias em todo o país.

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