A empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) revelou que os protestos pós-eleitorais registados nos últimos cinco meses resultaram em perdas superiores a 14 milhões de euros. Entre os danos estão a destruição de quatro locomotivas e 14 carruagens.
Segundo a administração da CFM, os distúrbios começaram após as eleições gerais de 9 de outubro, e a instabilidade social que se seguiu afetou severamente as operações ferroviárias. Estima-se que, nesse período, cerca de 14,88 milhões de dólares (aproximadamente 13,1 milhões de euros) em mercadorias deixaram de ser transportadas ou manuseadas devido à agitação nas ruas.
Além dos impactos diretos causados pelos protestos, a empresa apontou a paralisação do sistema ferroviário do Zimbabué como outro fator que agravou os prejuízos. Essa situação impediu o escoamento de cerca de 1,3 milhão de toneladas de carga previstas nos planos da companhia, conforme explicou o presidente do Conselho de Administração da CFM, Agostinho Langa.
A CFM acrescenta que, somando-se a esses fatores, vários produtos ficaram por transportar, o que contribuiu para os prejuízos estimados pela entidade gestora do transporte ferroviário nacional.
Além das perdas económicas, a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) estima que mais de 563 mil passageiros deixaram de utilizar os seus serviços ferroviários durante os protestos. Esse cenário resultou em prejuízos adicionais de cerca de 1,86 milhão de dólares (1,6 milhão de euros), referentes a danos em infraestruturas e equipamentos vandalizados, incluindo quatro locomotivas, 14 carruagens, três estações ferroviárias e 1.300 metros de linha férrea.
Apesar das dificuldades enfrentadas em 2024 no Sistema Ferroviário Nacional, o presidente do Conselho de Administração da CFM, Agostinho Langa, destacou que o volume total de carga transportada alcançou aproximadamente 27,3 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 3% em relação ao mesmo período de 2023.
Nas rotas geridas diretamente pela CFM, foram movimentadas cerca de 12,9 milhões de toneladas líquidas, refletindo um crescimento de 4% em comparação com o ano anterior e um cumprimento de 84% da meta estipulada. Quanto ao transporte de passageiros, foram contabilizados pouco mais de 7,1 milhões de utilizadores, o que indica um incremento de 2% face ao mesmo período do ano anterior, segundo adiantou Agostinho Langa.
O processo de aquisição de 250 vagões para transporte de minerais e 15 locomotivas está em andamento, com a expectativa de que três locomotivas sejam entregues ainda neste mês.
Venâncio Mondlane, ex-candidato à presidência, que não aceita os resultados das eleições gerais de 9 de outubro, convocou manifestações que, em um período de cinco meses, resultaram em aproximadamente 390 fatalities, conforme relatórios de organizações da sociedade civil, além de saques e danos a empresas e infraestrutura pública.
Em 23 de março, ocorreu a primeira reunião entre Venâncio Mondlane e Daniel Chapo, na qual foi firmado um compromisso de pôr fim à violência no país.
O governo de Moçambique já havia reconhecido, anteriormente, pelo menos 80 mortes e a destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 centros de saúde durante os protestos.(Lusa)