LONDRES — Novos depoimentos chocantes obtidos pela BBC lançam uma luz perturbadora sobre as ações de regimentos de elite britânicos no Oriente Médio. Integrantes do Serviço Aéreo Especial (SAS) e do Serviço Especial de Embarcações (SBS) são acusados de cometer crimes brutais no Iraque e no Afeganistão por mais de uma década, sob o manto da guerra ao terror.

Segundo testemunhas, os soldados praticavam execuções sumárias de civis desarmados — incluindo crianças — durante operações noturnas. Em vários relatos, homens foram algemados, assassinados a sangue frio e, em seguida, tiveram armas plantadas ao lado de seus corpos para forjar cenas de confronto.

“Eles revistavam alguém, algemavam e depois atiravam. Cortavam as algemas e colocavam uma pistola ao lado do corpo”, afirmou uma das testemunhas que presenciou os crimes. Em diversas ocasiões, feridos que ainda respiravam foram executados no local, e jovens soldados recebiam ordens diretas de seus superiores para matar como “procedimento padrão”.

Os relatos também indicam que civis foram mortos enquanto dormiam, e que as mortes eram sistematicamente encobertas por militares que manipulavam provas e fabricavam relatórios.

O então presidente afegão, Hamid Karzai, chegou a alertar pessoalmente o ex-primeiro-ministro britânico David Cameron sobre os assassinatos, mas os avisos foram ignorados. Até o momento, o Ministério da Defesa do Reino Unido não comentou as novas revelações.

A investigação da BBC levanta sérias questões sobre a cultura de impunidade dentro das forças especiais britânicas e pressiona o governo britânico a responder por possíveis crimes de guerra encobertos por mais de uma década.